quinta-feira, 23 de maio de 2013

Rumo ao Farol - Virginia Woolf


Incrível como o tempo atravessa meses, dias e até décadas sem se arrastar. Enquanto todos sabemos, as horas costumam durar uma vida.

Foi assim que experimentei minha leitura desta obra de Virgínia Woolf. Há uns oito anos, lá pelos idos, ou melhor, pelas vésperas de mil novecentos e dois mil e cinco, que um amigo me emprestou aquele que considerava o seu livro de cabeceira. Na verdade, para ele este livro um achado, de uma magia imensa, que resumia para ele, senão todas, mas algumas das mais importantes sensações que ele buscava pôr por escrito. E afinal, esta é uma tarefa tão dura que talvez, colocar uma idéia em palavras seja a mais desumana tarefa que já me permiti. Pois, até a fala, a arte da fala, acredito, pode ser mais simples e menos rígida do que a arte de pensar, formular e sintetizar um emaranhado de sentimentos em pontos de vista.

Acontece que a leitura deste livro me pareceu insuportável. Por sete anos, Rumo ao Farol ficou ali esquecido numa estante. Um tanto por causa da capa plástica, que, apesar de todo o cuidado não consegui conservar, outro tanto porquê, minha experiência ao passar pelas primeiras 85 páginas, das modestas 225 do livro, pouca ou nenhuma satisfação me foi transmitida por aquela trama que se alongava indefinidamente ao longo de um único dia. Ou uma única tarde, já não me lembro. Se é que havia mesmo a intenção da autora para que percebêssemos isso. Talvez não. Não era importante.


Já na contracapa uma nota nos avisa "'quase tudo aquilo que é dito', constatou sobre o romance o grande crítico Erich Auerbach, 'é reflexão na coinsciência dos personagens'". Recurso que seria perceptível já na primeira meia-hora do leitor. Mas sobre isso não vamos nos estender, afinal, espero que todos estejam tão cansados quanto eu dos releases bem-humorados, que as vezes até tiram um sarro dessa arte de condensar o óbvio para atrair o público, como só os bons redatores conseguem. Com toda a sinceridade, se me julgasse mais capacitado à escrita, até o faria, mas, reconheço como é raro o talento para condensar e reproduzir informações com os prazos apertados que nossos profissionais da escrita têm.

Ao mesmo tempo... acho já mereceria 3,0 pontos por não ter citado até agora aquele típico "você sabia?" sobre o Stream of Consciousness, que todo entusiasta do modernismo literário no 2º período de humanidades não consegue fugir - nem atravessar.

Mas a história, que em três capítulos, e sob simultâneos pontos de vista, narra a vida, a morte, e o que resta da vida, de uma populosa família inglesa e seus agregados, que especulam por uma tarde inteira sobre uma possível visita ao Farol vizinho, em dois momentos muito distantes no tempo, é conduzida da forma mais tocante possível. 

Sob os cuidados super-protetores da matriarca e possível protagonista, a Srª Ramsay, toda a família se mantém. Dos filhos pequenos, Cam e James, que em especial nutre uma fantasia em relação à viagem ao Farol (sempre frustrada pelos caprichos do pai), até os mais moços, já bem próximos à idade de casamento: Prue, Nancy, Rose, Andrew, Jasper e Roger, todos os filhos recebem da mãe uma alcunha digna dos reis e rainhas dos tempos gloriosos da Inglaterra. Prue "a Bela", Andrew "o Justo", James "o Cruel", Cam "a Perversa". Oito filhos alimentados pela Filosofia, como atesta espantado o próprio Sr. Ramsay. Homem de gênio retraído, silencioso e instável. Um marido dependente, talvez o mais super-protegido pela dedicação da esposa, o Sr. Ramsay passou a maior parte da vida a inquirir sobre a natureza das Coisas, investigando o mundo sensível por meio de sua própria subjetividade. Autor de prestígio no passado, o Sr. Ramsay trouxe para sua casa neste verão um jovem de origem humilde que anseia o sucesso e a continuidade do trabalho de seu bondoso mentor. Charles Tansley. Charles, que em razão dos anos de privação que passou, adquiriu um comportamento prepotente e anti-social, não percebe como seu isolamento no mundo seria reflexo de cada comentário desagradável e empolado que dirige aos que estão à sua volta. Curioso é que pelo leitor ser alimentado, quase que simultaneamente, pelos diversos pontos de vista que preenchem a história, é de se admirar já num primeiro momento, a riqueza de encontros e realidades distintas que permitem ver o contraditório como perfeitamente possível. Charles tido por todos como um afetado e desprezível, acaba sendo digno de um fascínio injustificável, e por este mesmo motivo não explicado, da Srª Ramsay  por este jovem misantropo incorrigível.


O jovem casal apaixonado Minta e Paul, a quem a Srª Ramsay vê com muito bons olhos, pelo fato de justificarem aquilo em que ela mais acredita. A da união de duas pessoas na expectativa de um lar. Na edificação de uma família sob o entendimento de que a privação, e os pequenos sacrifícios diários podem são as incontornáveis ferramentas para a construção de um ideal de lar.


Completando a casa de hóspedes, temos o erudito botânico William Bankes, a quem a Srª Ramsay faria muito gosto que se enlaçasse com a trintona órfã (impressão minha ou da narradora?), Lily Briscoe, pintora incompreendida e frustrada para todos, mas, que será a encarregada de deixar para a posteridade o único registro do que foram aquelas férias de verão nas ilhas Hébridas, antes da Guerra, antes da morte da Srª Ramsay.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ultimate Marvel - Quadrinhos adultos e mercado

É notório que todo fã de quadrinhos em algum momento de sua vida irá parar de acompanhar seus super-heróis favoritos em suas revistas preferidas, depois de tantos anos debruçado sobre sagas e conflitos espetaculares. Uma reação natural a isso ocorreu ao final dos anos setenta, com o surgimento de uma nova geração de roteiristas (e desenhistas) que deram uma guinada mais realista à temas tão comuns ao universo quase sempre estável das HQs. Algo que pode ser encarado como uma influência tardia da geração beat, da contracultura e do movimento Punk (então a pleno vapor) sobre essa geração de jovens autores, vindos basicamente das ilhas britânicas. Autores novatos (agora consagrados) que trouxeram para o universo colorido dos super-humanos abordagens e propostas mais maduras e realistas (num certo sentido um tanto doentias). E enquanto as fantasias e batalhas maniqueístas foram sendo postas de lado, ao mesmo tempo, nunca antes conceitos fantásticos como Magia e ocultismo foram tão profundamente explorados em qualquer outro veículo da cultura popular.


Logicamente com o sucesso deste novo gênero, rapidamente se organizou no mercado um novo nicho, explorado e reconhecido como "quadrinhos para adultos". Hoje já é desnecessário enumerar para muitas pessoas a importância de obras como Watchmen, V de Vingança, Cavaleiro das Trevas, Sandman, Miracleman e tantas outras, que incitam discussões e continuam sendo utilizadas como parâmetro para quase tudo que ainda tem sido feito no nicho de entretenimento adulto.
Nos último anos, a Marvel Comics, tem investido em novas séries alternativas com a sua prata da casa. Encabeçada pelos, X-Men, Homem-Aranha, Quarteto-Fantástico, Demolidor e outros, novas séries de quadrinhos recontam as origens e as aventuras destes personagens com carta branca, livres do peso de mais cinqüenta anos de cronologia ininterrupta. Recurso que facilita a inclusão do leitor ocasional, já que para este, o Homem-Aranha é o Homem-Aranha, seus amigos são o HULK e o Capitão América... e de alguma forma estranha, todos são primos distantes do Batman e do Super-Homem. De toda forma, universos paralelos sempre causaram confusão, já que as costumeiras idas e vindas, mortes e ressurreições, sempre foram o ponto fraco destas publicações que necessitam de um mínimo de verossimilhança! Mas há que se defender estas novas séries como portadoras de algumas das obras mais interessantes feitas com estes ícones. nos últimos anos. Enquanto em suas publicações regulares, o que se vê mês a mês, é o comprometimento de uma mitologia louvável por sagas intermináveis, empoeirando o brilho de seus protagonistas devido à manobras mercadológicas que visam única e exclusivamente a ampliação do interesse de um público cada vez mais abrangente, enquanto ironicamente perde seus parceiros mais ativos, fiéis e inteligentes.
Algumas alterações, é claro, não são e nem devem ser bem vistas por todo mundo (como a nova e desnecessária origem de Venom). Mas é inegavel que existe um frescor e uma curiosidade ao acompanhar o surgimento de um aracnídeo escalador de paredes em pleno ano 00, lutando para manter uma bolsa de estudos enquanto trabalha como web designer no Clarim Diário (ao mesmo tempo em que combate o crime, lógico!). Ou então, ver uma equipe de mutantes com visual cyberpunk e roqueiro, sendo perseguidos e ameaçados não só por paus, pedras e Sentinelas mecânicos, mas por políticas de cadastro e identificação compulsória de cidadãos com gene mutante em território norte-americano. E não é só isso. Atentos à uma mudança sutil de público com o passar de gerações, autores como Mark Millar autor de Ultimate X-Men, conseguem trazer referências políticas e artísticas louváveis. Como o curioso roubo orquestrado por Magneto ao museu do Louvre (no intuito de incorporar do homo sapiens suas únicas criações dignas últimos cinco mil anos, antes de sua aniquilação total), a criação de sua famosa base satélite na Antártida que têm como inspiração o maravilhoso quadro surrealista de René Magritte, Le Chateau Dês Pyrénées.


Em outros momentos fazendo referência ao consumo de Prozacs por alguns mutantes mais instáveis, incapazes de controlar seus poderes, ou mesmo, desmascarando intrigas que e manobras pouquíssimo ortodoxas de dentro do alto escalão da Casa Branca, enquanto com um discurso nacionalista mascara da opinião pública a manutenção de uma questionável prisão para mutantes/terroristas em Guantánamo. Tudo isso obviamente, saltando das entrelinhas.
É um alívio enquanto estas referências são feitas por artistas(!) responsáveis e talentosos, que trazem tudo isso vem como um plus a mais nestas histórias que no fundo giram em torno da interminável briga entre mocinhos e bandidos. Com a diferença de que hoje, é mais perceptível o quão tênue é a linha que separa os dois lados. Algo que a maioria dos produtos culturais e de entretenimento ainda não conseguiu compreender ou teve liberdade parar perceber...

domingo, 8 de março de 2009

Banksy

Clique, amplie (e leia os comentários).
Não há muito o que dizer além.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury (1953)

Fahrenehit 451 será lembrado para sempre pela adaptação cinematográfica de François Truffaut (1966), da obra de mesmo nome escrita por Ray Bradbury em 1953.
Fahrenheit 451 narra para nós a história de Montag, um bombeiro (firefighter) numa metrópole futurista onde a leitura e a conservação de livros é terminantemente proibida, sendo aqui a função dos bombeiros não mais de apagar o fogo, mas ao invés disso, incenerar todo material subversivo impresso em brochura.
Diferente do que se poderia imaginar, acredita-se que o primeiro passo para tal conjuntura teria sido dado pelos próprios cidadãos, e não pelo Estado. Cansados da inquietação e complexidade proporcionadas pela leitura, uma onda anti-intelectual varreu as grandes cidades, ocasionando inclusive o abandono das cadeiras humanas nas universidades. Logicamente, acreditam alguns poucos cidadãos resistente, em algum momento este fato sendo percebido pelo Estado como um benefício ao controle de seus cidadãos, acaba intervindo na proibição de toda e qualquer impressão, literária ou mesmo jurídica.
É somente quando quando encontra Clarisse, uma espirituosa jovem de 16 anos, que Montag se questiona sobre o grande vazio que percebia à sua volta. Principalmente quando se vê incapaz de compreender o por que de mais ninguém observar com paixão e satisfação um bela paisagem, ou mesmo de se permitir refletir sobre questões que lhes tragam inquietação sobre o mundo ou seus próprios sentimentos. Muito provavelmente porque todos estão amansados pela onipresença brutal da publicidade e de programas de televisão desenvolvidos especialmente para aplacar a solidão e a inquietação de todos. De modo que, costumeiramente toda boa família revestia suas as três (ou quatro) paredas da sala com transmissores interativos carinhosamente apelidados de "família" por seus donos.
Impressionado pela tentativa de suicídio de sua mulher numa noite, Montag decide descobrir o por quê desta crônica insatisfação, agora, incapaz de ser preenchida com o prazer da destruição proporcionada por seu trabalho. É quando seu comportamento suspeito desperta a atenção de seus superiores e Montag se vê numa encruzilhada que o direciona para um confronto sem volta com toda a estrutura à sua volta, ou o sufocamento de suas necessidades mais profundas.


É emblemático o confronto com seu superior, o capitão Beatty. Num jogo de palavras e chavões intelectuais onde maliciosamente Beatty retruca todos os argumentos possíveis de Montag, antes mesmo que ele os manifeste. Neste curioso enfrentamento de citações e lugares comuns, Beatty argumenta a todo momento pelos dois, num diálogo que denuncia bastante da inutilidade dos impasses intelectualidade de nosso tempo, ao mesmo tempo em que trás a toda, todo o cinismo dos poderosos que guardam para si toda forma de conhecimento, por compreenderem que por trás dele está a chave para seu Poder.
A trama, como no filme, atinge seu clímax na batida à casa de Montag, onde se descobre escondidos não um ou dois livros na casa deste leitor recente, mas sim uma pequena biblioteca. Isto o obriga a destruir sua própria casa, mas não o livra de se tornar um fugitivo da polícia, dos bombeiros e de seu próprio rastro genético que é perseguido com voracidade por um enorme cão de guarda robô.
Seu único refúgio acaba sendo a fuga para as antigas estradas de ferro onde por anos, antigos professores e intelectuais abrigaram leitores fugitivos de um mundo embrutecido da qual se aproxima uma terrível e devastadora guerra.
E aí todos sabem o final...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Les Maítres Fous – Jean Rouch (1955)


Do contato entre jovens africanos marginalizados e a moderna cultura de seu colonizador, emergiu em Accra na Costa do Ouro, o ritual da tribo haouka, nos informam os créditos iniciais. Levado ao mundo pelo filme etnográfico de Jean Rouch, o ritual de celebração haouka nos é apresentado em uma de suas costumeiras cerimônias tribais, com a inédita autorização de seus antigos sacerdotes, a despeito de toda a violência e estranhamento que suas tradições possam causar aos interessados olhos ocidentais. Mais do que isso, somos advertidos sobre este jogo que nada mais é do que um reflexo de nossa própria cultura e civilização.
Contraponto entre a forma de vida industrializada e mecanicista que se inseriu na rotina de um povo ainda preso a antigas tradições e a um modo de vida bastante rudimentar, as reuniões de celebração haouka se impõe como tributo aos deuses da Cidade, da Técnica e da Força. Se em seu cotidiano os haoukas nada mais são do que estivadores, dedetizadores, contrabandistas, mineiros ou limpadores de latrinas, trabalhadores braçais como qualquer outro nativo africano, durante as cerimônias haouka eles assumem papéis de magnífica importância e reconhecimento. Mas não é sem estranheza e desconforto que somos apresentados a seu imponente quartel-general e percebemos desde o inicio ser este um pobre terreiro em algum fim de mundo, mesmo que a narração em off nada diminua a autoridade dos chefes haoukas, nem de sua bandeira Union Jack, uma desleixada toalha deixada em um varal, nem do penacho vermelho de seu general, indicador de sua mais alta patente.
Pois é pela reapropriação desta arbitrária supremacia européia e do rastro humilhante da colonização, que o ritual de transe haouka se dirige. Enquanto se deixam possuir pelas entidades modernas que atravessam sua cultura dia após dia, eles incorporam a todo momento papéis da venerável hierarquia ocidental, corrompendo a preciosa disciplina e hierarquia que se cumpre na definição de um governador, do general, do tenente e dos sentinelas, numa forma de incorporar catarticamente algumas funções do poder que reconhecidamente administra sua rotina de povo subjugado. Há até mesmo espaço para entidades com o curioso título de, o maquinista, numa clara alusão ao espantoso progresso técnico-científico ainda estranho aos olhos deste antigo povo africano.
Adaptando o modelo de hierarquia ocidental e seu respectivo protocolo de comportamento, os haoukas encontraram sua forma de contestar um modelo civilizatório que lhes foi imposto inadvertidamente. Adaptando antigos rituais e tradições marginalizadas pela sistemática racionalidade do dominador, este mesmo, possuidor de tradições tão teatrais e irracionais quanto as tradições primitivas haoukas, que se torna claro quando um corte abrupto do terreiro para um desfile solene transmitido para as televisões em homenagem à visita do (verdadeiro) governador britânico em terras africanas. Ficando claro que a inspiração para este ritual de auto-flagelamento e suplício haouka nada mais é do uma interpretação confusa do choque entre o moderno cotidiano ocidental e as vidas daquele povo brutalmente disciplinado.

Les Maîtres Fous  - Jean Rouch (1955) 

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Reflexos da Inocência (2008)

Joe Scott (Daniel Craig) é um típico astro de Hollywood. Ocupa a maior parte de seu tempo promovendo orgias regadas a cocaína, alcool e belas mulheres, enquanto ignora a chegada da decadência. Sua vida dá uma guinada ao receber a notícia da morte prematura de um antigo amigo de infância. Esta tragédia o faz relembrar fatos esquecidos no passado, que darão as pistas para que ele compreenda o vazio e autodestrutivo de seu presente.

O longa de Baillie Wash, articula com cuidado a construção do protagonista enquanto envolve seus personagens em uma delicada trama que conecta a todos de forma engenhosa, no passado e no presente. Wash, diretor de videoclipes do Massive Attack, Oasis, New Order, INXS e Kylie Minogue, se mostra um eficiente diretor em seu primeiro trabalho de ficção, ainda que seu talento seja indiscutivelmente a plasticidade das belas tomadas da praia, do mar e dos corpos dançando ao som de uma belíssima trilha sonora.

É curiosa a caracterização de (Scott) Joe como um homem de meia-idade tão inseguro, apesar do poder aparente que um homem milionário teria vivendo numa colina à beira mar. Joe se encontra constantemente fragilizado, principalmente na ausência de sua empregada e (anjo-da-guarda) Ophelia. Não consegue resolver os conflitos com suas amantes nem se aproximar de modelos menos preocupadas em se consultar com cirurgiões plásticos badalados para uma plástica no nariz. Preenche os dias (e noites) com drogas que recebe a um bip no celular de alguma socialite amiga, e alimenta uma insegura vaidade com a ajuda de cremes de correção facial matutina. Isso tudo enquanto sua carreira declina vertiginosamente já que como se sabe, estrelas têm um curto prazo de validade. O título original Flashbacks of a Fool se explica ao percebermos que grande parte da trama se passa nas lembranças de Joe, quando este era ainda um garoto tímido numa vila à beira mar no interior da Inglaterra. Chega a ser redundante em a beleza das paisagens e das praias onipresentes emtodo o filme, pois apesar do esteticismo admirável, esta opção seria mais apropriada a um filme de fantasia... e não roubando a cena a cada minuto.



Tudo vai bem enquanto Joe e Booth acompanham um ao outro nas frustrações da adolescência e no crescente interesse pelas meninas. Só que tudo se perturba quando Joe se apaixona por Ruth, uma menina extrovertida e independente que o inicia nos discos de David Bowie, no gosto pelo glamour, pelo espetáculo e pela maquiagem.

É mágica a seqüencia onde Ruth e Joe ainda adolescentes “If There Something”, música do Roxy Music, dançam na suntuosa sala dos pais da menina. Mas mesmo apaixonado pela garota de seus sonhos Joe não consegue resistir ao assédio de uma bela e carente vizinha, o que acaba por trazer conseqüências traumáticas para todos à volta.